sexta-feira, abril 06, 2007

Antes que a estação caia...

COMITÊ PRÓ-TOMBAMENTO DA ESTAÇÃO DA PARANGABA: O METROFOR QUER DERRUBAR A NOSSA HISTÓRIA E A COMUNIDADE DA PARANGABA É A FAVOR DA PRESERVAÇÃO DA ESTAÇÃO

Após a sapiência da mobilização dos moradores da parangaba pela administração do METROFOR, percebemos que as obras avançam rapidamente e já encontram-se rente às paredes da edificação.
A Prefeitura de Fortaleza e o ógão responsável pelos tombamentos municipais (departamento de Patrimônio da FUNCET) ainda não se pronunciaram publicamente sobre o caso, o que nos leva a crer que estão compactuando com esta vergonhosa iniciativa de destruição de um prédio público de elevado valor simbólico e afetivo para os moradores do bairro. E o pior, sabemos que o processo de tombamento de 03 edificações da parangaba já está concluído (igreja do Bom Jesus, casa de câmara e cadeia e estação), e que a decisão sobre a aprovação do pedido será eminentemente política. Esperamos bom senso das autoridades competentes e uma postura de autonomia perante ao consórcio de empresas construtoras do METROFOR que, como sabemos, se já desviou suas obras para não destruir propriedades privadas, por que não pode desviar para preservar um bem cultural de significativa importância na memória histórica do bairro e da cidade de Fortaleza??
Às vésperas do aniversário da cidade, estamos diante de um crime, de um verdadeiro atentado contra o patrimônio cultural de seus moradores. Hoje será dada entrada no Ministério Público Estadual uma representação pedindo o embargo das obras do METROFOR na Parangaba, já que prefeitura e estado se eximiram desta responsabilidade, uma ONG que trabalha com a memória do povo cearense (IMOPEC) é quem vai assinar este pedido, apoiando a iniciativa da população do bairro.
Durante todo o dia de hoje será realizado pelo COMITÊ PRÓ-TOMBAMENTO DA ESTAÇÃO DA PARANGABA panfletagens e recolhimento de abaixo-assinados contra a destruição da estação, com concentração na praça da matriz, chamando a população para a audiência na qual a administração do METROFOR irá mostrar a sua proposta de destruição da matriz, a ser realizada na quarta feita, às 18 hs, no Ginásio Poliesportivo da Parangaba.

QUEREMOS O METROFOR, MAS MANTENDO A NOSSA HISTÓRIA.

COMITÊ PRÓ-TOMBAMENTO DA ESTAÇÃO DA PARANGABA

CONTATOS: Alexandre Gomes (99717807) e João Paulo Vieira (88530702)

7 comentários:

Anônimo disse...

MISTÉRIOS DE "VILA NOVA DE ARRONCHES" BRASIL - PARANGABA LUGAR DE BELEZA
Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603.

Parangaba - (tupiguarani significa beleza, formosura...), situada nas margens da lagoa do mesmo nome, foi um dos mais antigos povoados do Ceará, o chamado aldeamento indígena de Porangaba, que os jesuítas fundaram no séc. XVI.

A vila foi criada a 26 de Maio de 1758 e inaugurada a 25 de Outubro de 1759, passando a chamar-se Arronches (Vila Nova de Arronches). Durante o império foi município, com Intendente e Câmara, ao longo de 112 anos divididos em dois períodos: de 1759 a 1835 e de 1885 a 1921. Anexada a Fortaleza, integra um dos seus mais importantes distritos. Na sua área domina o verde, com os seculares mangueirais, o clima nostálgico, a lagoa paisagística e alguns prédios históricos como o edifício da antiga Prefeitura Distrital, Casas Paroquiais e a centenária casa da Família Pedra, pioneira na indústria da panificação. É ainda na área da Parangaba que se situa o mais antigo cemitério da cidade de Fortaleza.

Como a maioria, ou talvez a totalidade dos arronchenses desconhecia que no Brasil tinha existido esta antiga vila denominada "Vila Nova de Arron-ches", a descoberta ocorreu por mero acaso, numa tarde de Verão, depois de adquirir um velho livro numa banca de rua de Lisboa.

Este livro de edição brasileira, dedicado ao sofrido Nordeste e à dura vida dos cangaceiros (3), fazia referência a um famoso bodegueiro, estabelecido nas imediações da estação de trem (comboio) de Vila Nova de Arronches.

Pesquisando em Portugal, os documentos foram surgindo, confirmando a pista surgida nesse velho livro. Mais tarde com a ajuda das novas tecnologias (Internet), cheguei finalmente a Vila Nova de Arronches, lugar onde contactei com pessoas sensacionais como o Kelson Moreira, coordenador do Instituto Amanaiara, ou a psicopedagoga Rosa Saraiva, professora na Escola General Eudoro Correia da Parangaba, dando início a uma proveitosa parceria com troca de materiais e informações, que nos permitiram um melhor conhecimento do passado histórico e das nossas tradições.



Foi nestas terras cearenses que os padres da Companhia de Jesus em 1607 deram início ao trabalho de evangelização das populações índias. Contam que, no decorrer de grande seca no sertão o Padre Francisco Pinto, homem místico a quem os nativos chamavam Pai Pina, ou Amanaiara, o "senhor das Chuvas", ajoelhando-se, acenou ao céu e fez uma oração pedindo chuva. A sua oração foi atendida e ele passou a ser muito querido entre os nativos. Ao que parece ele teria utilizado o símbolo de uma coroa de espinhos para levar a mensagem evangélica aos indígenas destas terras. Saía em procissão de aldeia em aldeia, falando do Cristo, o Bom Jesus dos Aflitos e convidando a todos para as celebrações do nascimento de Jesus, que tinham lugar pelo Natal.

Em 1608, um grupo de indígenas chamados Tucurujus, inimigos dos portugueses, mataram o Padre Francisco Pinto na Serra da Ibiapaba. Os seus restos mortais foram sepultados pelo padre Luiz Figueira, no sopé daquela serra.

Mais tarde quando em 1612 houve uma grande estiagem, os Potiguaras não tiveram receio de trazer para a sua aldeia os ossos do Pai Pina que seriam como um amuleto contra a seca.

Também neste mesmo ano veio para o Ceará Martins Soares Moreno que aqui permaneceu até 1631. Dizem que durante a sua passagem por estas terras, viveu aqui pacificamente com os índios e fez profunda amizade com um de nome Jacaúna.

Depois de longo período sem catequese, apenas em 1694 chegam os padres Manuel Pedroso Júnior e Ascenso Gago para retomar o trabalho das missões.

Em 14 de Setembro de 1758 por Ordem Régia decretada em Lisboa, o Marquês de Pombal, decretou a extinção da Companhia de Jesus, acabando os jesuítas da extinta companhia responsáveis pela missão da Porangaba, por serem expulsos para Pernambuco, com destino às masmorras de Portugal, sendo a sua aldeia transformada em vila.

Em 1758 guiada pelo padre António Coelho Cabral, a Missão do Bom Jesus da Porangaba é transferida para o local actual e passa a chamar-se Vila Nova de Arronches, sob invocação de N. Sra. das Maravilhas, em homenagem à antiga vila de Arronches existente em Portugal. Nome lusitano que manteve até 1 de Janeiro de 1944, quando em conformidade com o Decreto-Lei nº. 1114 de 30 de Dezembro de 1943, voltou a adoptar o antigo nome do aldeamento fundado pelo saudoso Pai Pina, nome ligeiramente alterado de Porangaba para Parangaba.



A devoção destes povos ao Bom Jesus dos Aflitos vinha de longe e sempre foi muito forte. Por isso ainda em 1759, fora ordenado que a jovem vila de Arronches tivesse por padroeiro, em lugar de N. Sra. das Maravilhas o Bom Jesus.

É neste mesmo lugar que ainda hoje se celebra com pompa e regozijo a Festa da chegada dos Caboclos (4), ou da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos, que tem início no segundo domingo de Setembro, com a descida da Coroa que vai em peregrinação por diferentes lugares, só terminando no dia de Reis, a 6 de Janeiro, com a colocação da Coroa na imagem de Cristo crucificado, da igreja do Bom Jesus dos Aflitos, existente na praça dos Caboclos da Parangaba.

Segundo a tradição local, as gentes da Parangaba dizem que a Coroa do Bom Jesus, foi oferta do Rei de Portugal, aquando da construção da igreja.

Situada a poucos quilómetros de paradisíacas praias a antiga Vila Nova de Arronches (Parangaba), é hoje um importante e central bairro da capital cearense. É nele que encontramos uma importante e histórica estação ferroviária e um terminal de interligação dos transportes colectivos, agregando uma grande quantidade de linhas, que nos levam a diversos lugares de Fortaleza. Partindo de Parangaba, facilmente se chega a diferentes pontos turísticos fortalezenses, como o Centro Cultural Dragão do Mar, Mercado Central, Ponte Metálica, praias e outros lugares de interesse. No futuro seria interessante assistir-se ao estreitar de relações de Arronches com esta terra brasileira. Cabe agora às Escolas em especial a E.B.2, 3 de N. Sra. da Luz, Associações culturais e desportivas, Paróquia e em especial à Autarquia local caminharem nesse sentido. Podendo-se agora partir para um novo ciclo, que poderá ter um papel preponderante, contribuindo para o estreitar de relações de amizade, e levando eventualmente a um intercâmbio cultural bastante interessante. No futuro caso o interesse seja recíproco poder-se-ia mesmo culminar num protocolo de geminação entre ambas as comunidades.

Vejam-se os casos do Crato, ou das "Portalegres", portuguesa e brasileira, processos desencadeados pelo município do Crato e pelo jornal Fonte Nova (Portalegre), que já permitiram um interessante intercâmbio cultural entre ambas as comunidades.

Pela nossa parte no respeitante a Arronches, com este pequeno trabalho, esperamos contribuir para o estreitar de relações entre ambas as comunidades, dando início a um novo ciclo que nos permita mantermos viva a nossa memória histórica.

Para mais informação relacionada com este tema, poderá aceder à página web do Instituto Amanaiara Parangaba Brasil http://amanaiara.vila bol.com.br ou para o e-mail: emiliomoitas@mail.pt



1- Pitiguaras - grande nação índia que habitava o litoral do nordeste brasileiro, segundo José de Alencar (1984), significa "Senhores dos Vales"

2- Alencar, José de. Iracema: Texto integral. Lisboa - Livros Europa -América - 1973

3- Cangaceiros - salteadores, bandoleiros do sertão brasileiro.

4- Caboclos - mestiços de branco e índio

- Fotos Cedidas pelo Instituto Amanaiara (Parangaba)



Bibliografia consultada:



- Parangaba - Sua História e suas Tradições - Ribeiro, Esaú Costa

- Festa da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos - Moreira, Kelson

- História do Ceará - dos Índios à Geração Cambeba - Farias, de Aírton (Tropical 1997)

- Os Retirantes - Patrocínio, José do - 1854

- A Normalista - Caminha, Adolfo

- Cultura e Opulência do Brasil - Antonil, André João - 1711 (Lisboa Pub. Alfa, S.A., 1989

- Resistência Indígena no Sertão Nordestino no Período da Pós-Conquista Territorial - Cruz, Maria Idalina

- 1787, Junho, 28; Aracati - Ofício do ouvidor do Ceará, Manuel de Magalhães Pinto e Avelar, ao (Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, Martinho de Melo e Castro), sobre as condições em que vivem os índios na vila de Arronches, bem como sobre o tráfico e comércio de crianças indígenas - Arquivo Histórico Ultramarino Lisboa



Emílio Moitas

Anônimo disse...

Fotos da Parangaba e Arronches no Glosk.

http://www.glosk.com/BR/Parangaba/-928104/photos_pt.htm

Emílio Moitas

Anônimo disse...

Metrofor quer transferir estação da Parangaba

O Metrofor deve apresentar projeto para a transferência da Estação Ferroviária da Parangaba


A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) deverá concluir, ainda este mês, estudo de orçamento para a transferência da Estação Ferroviária da Parangaba. A proposta é deslocar o prédio inteiro para outra área, que deverá ser determinada pela Prefeitura de Fortaleza.

Desde que demonstrou interesse em demolir a estação, o Metrofor enfrenta protestos dos moradores locais, organizados no Comitê Pró-Tombamento da Estação da Parangaba (CPTEP). Após várias manifestações, o CPTEP conseguiu que a Prefeitura determinasse o tombamento do prédio, em setembro do ano passado. Mesmo assim, a estação continua ameaçada pela escavação diária das obras do Metrofor no local.

"É tecnicamente possível, mas como este tipo de procedimento, pelo menos que eu tenha conhecimento, nunca foi realizado no Brasil, todos os cuidados prévios devem ser tomados para que a estrutura da estação suporte o deslocamento", afirma o diretor de Desenvolvimento e Tecnologia do Metrofor, Clóvis Picanço. Segundo ele, a primeira parte do projeto referente à viabilidade técnica foi concluída. No entanto, falta ainda a análise de custos, que deverá ser entregue até o fim deste mês. Após a conclusão, os estudos serão encaminhados para análise da Prefeitura de Fortaleza, cabendo ao Metrofor todos os custos da operação.

O procedimento consiste em se construir, abaixo dos alicerces da Estação da Parangaba, uma fundação composta por diversas vigas, que servirão de suporte para a estrutura. Abaixo dessa fundação serão colocados rolos de flutuação, possibilitando, de acordo com Picanço, que a estação seja deslocada para uma enorme esteira e, posteriormente, seja içada e transportada em um veículo de carga. "É uma solução que demandará muitos cuidados, mas estamos tratando o assunto com muito critério para que mantenhamos a estrutura da estação intacta", conclui Picanço.

Para a diretora do departamento de patrimônio da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet), Ivone Cordeiro, ao transferir a estação de seu lugar de origem será perdida parte de seu conteúdo histórico e cultural, mas apesar disso, é uma boa solução para a questão da preservação do prédio. "Procedimento igual foi realizado em países como a França e a Alemanha, quando prédios históricos estavam no caminho de grandes obras. Se todos os cuidados com a integridade da estação forem tomados, essa é a melhor solução", comenta.

Anônimo disse...

Gostava mesmo de ver como a Metrofor vai conseguir deslocar a Estação da Parangaba para outro local sem a destruir.
Estão atirando areia para nossos olhos, a Metrofor não está nem aí preocupada com o nosso patrimônio histórico, pena mesmo a cidade vai ficar pobre.
Zulmira - Fortaleza

Anônimo disse...

Parangaba ex Vila Nova de Arronches do Ceará, continua sendo notícia na imprensa de Fortaleza, pela destruição de ser património, confira a matéria do Jornal O Povo.


FORTALEZA
De cicatrizes, abraços e vergonha
Pedro Salgueiro
Especial para O POVO
O escritor Pedro Salgueiro desabafa diante da pouca memória que Fortaleza guarda de si por meio do seu patrimônio arquitetônico
VERGONHA

Algumas cidades conseguem preservar seu passado, criam leis, instituem penas, fiscalizam construções. A nossa burrinha loura desmiolada pelo sol, não - sente vergonha da sua história. Não há um prédio mais antigo, uma fachada mais original que cedo ou tarde não seja botada abaixo, para em seu lugar - altiva e impotente - surgir um daqueles quadrados blocos de concreto que a nossa "genial" e criativa arquitetura moderna andou engendrando durante o século passado inteiro. Tudo bem que nossa acadêmica elite queira construir seus monumentos ao mau gosto, todas as épocas tiveram direito de fazê-lo; porém, contudo, no entanto e entretanto (além do vulgar mas útil "mas"), não precisaria destruir o antigo. Por que não fazê-lo ao lado? - até para que futuras gerações possam comparar e, quem sabe, chegar a uma síntese.

Além dos construtores e das nossas cegas instituições públicas, o sujeito comum dos mortais, o novo proprietário de velhas casas, o simples comerciante que quer modernizar seu ponto, não pensa duas vezes (contando com a famigerada incompetência de nossos órgãos fiscalizadores do patrimônio - que tranqüilamente cochilam em suas repartições, depois do merecido pasto) e bota abaixo, por inteiro, prédios com mais de um século de existência: em seu lugar constroem um criativo jirau quadrado, com portas largas, um portão de garagem ou porta de ferro, reveste-no com lajotas de banheiro de mesma cor, e ainda exibem por aí um triunfal riso de superior inteligência.

Quando não conseguem pôr abaixo velhas construções, disfarçam as belas fachadas com indefectíveis marquises de alumínio. Há que se observar muito, arriscando-se até a ser atropelado, quem queira avistar alguma fresta de estilo arquitetônico antigo entre os flandres de nossas lojas no centro da cidade. Mas, entretanto, no entanto e contudo, além do pedante "porém", vez em quando, se observa através de alguma marquise enferrujada a viçosidade do velho estilo: descascado, reboco por cair, um janela de madeira gasta, não muito raro um arbusto crescendo em plena fachada, a boca triste de um antigo "jacaré" estilizado, aberta como a rir de nossa imbecilidade.

Faz alguns meses uma rede de supermercados comprou o prédio e enorme terreno da antiga fábrica de sabão Siqueira Gurgel, do começo do século XIX - em poucos dias pôs abaixo toda a construção e, no lugar exato da fábrica de um século de existência, erigiu um impotente estacionamento (não precisaria ser sensível e inteligente - nem atuantes e atentos nossos órgãos de fiscalização - o dono de tal estabelecimento, mas (entretanto, no ent... etc. etc.) apenas um pouco menos burro, e preservaria nem que fosse a fachada da velha fábrica, colocaria lá a administração do supermercado ou a portaria do estacionamento, e ainda por cima daria o nome da mega-bodega a imponente homenagem da nossa histórica fábrica.

Mas atenção, senhores dorminhocos dos institutos de preservação do patrimônio, professores empolados de nossas universidades de História, Arquitetura, Geografia, etc., defensores da cultura em geral, professores e saudosistas de nossa escrotinha loura desmazelada pelo sol, em cada rua de nossos bairros, a cada dia, um prédio antigo é destruído, seja pela burrice humana, pela fúria da natureza; mas, entretanto, no entanto, etc. e tal, principalmente pelo descaso e incompetência de nossas administrações municipais, estaduais e federais. Amém!


ESTAÇÃO DE PARANGABA
Depois de anos parado, depois de enterrarem muitos dólares de nossa população no buraco, literariamente, do metrô, aparecem "engenheiros" querendo derrubar a centenária Estação de Parangaba para que a cobra de ferro passe. Ridículo. Ridículo. RIDÍCULOS. Gastaria dois dias de latim para provar a burrice de tal empreitada, mas resumiria numa frase: A estação vazia, mesmo sem utilidade nenhuma, vale mil vezes mais que todas as linhas do trem metropolitano de nossa burrinha loura desmiolada pelo sol.

ABRAÇO
Há alguns meses a população, entidades culturais, estudantes de vários bairros deram um abraço simbólico no antigo prédio do Teatro de Messejana, foi a senha para que gananciosos botassem abaixo o já ameaçado monumento. Hoje, um estacionamento, de dia. De noite dizem os vizinhos escutarem vozes de antigos dramas encenados.

CICATRIZES
Fortaleza, nossa loirinha desmiolada pelo sol, em cada marca de um prédio derrubado, um atestado de nossa burrice.

Pedro Salgueiro escreveu os livros de contos
In – Jornal O Povo - 11/06/2007

Anônimo disse...

Parangaba O bonde (I)

Artigo publicado no Diário do Nordeste - Fortaleza. Ceará - Domingo, 6 de outubro de 2002
Andar no bonde elétrico era um dos hilariantes passeios que se podia experimentar no século passado. Desde sua instalação em nossa cidade - ou seja - na década de 20, quando substituíram o “bonde puxado a burro”. Fruto do progresso se fazia essencial mister; embora retirando o lirismo de hábito camponês vivenciado na época, dando lugar a expansão que o tempo exige - modernidade.
O interessante a se observar é que as distâncias entre os locais, parece, que se encurtaram, ou os caminhos fizeram dininuir a lonjura entre os diversos pontos da nossa querida Fortaleza.
Não vamos porém exagerar esse saudosismo de saltar da época dos bondes puxados a burro, para o bonde elétrico, remontando o século XVIII, porque o bonde por sua própria estrutura tem enriquecido o anedotário rebuscado das suas mais diversas formas - a começar pelo entendimento que se faz de quem “pegou o bonde andando” - (desconhecimento do fato) ou “pegou o bonde errado” - por ficar frustrado, por ter feito mau negócio, cair no conto do vigário. Ou vender o bonde, no pilheriar do mineiro -, casar com mulher feia (é tão feia que parece um “bonde” ou trem virado).
Mas dizia o escritor Berilo Neves “que andar com mulher feia é uma forma deselegante de andar só”, com quem concordar o poeta Vinícius de Moraes, “quando pede perdão às feias, por considerar a beleza fundamental, como características do ser humano”.
Mas voltemos ao bonde, nosso foco de atração, mesmo olhado a certa distância é com auxílio da memória, diante do decurso do tempo - amigo fiel que marcou a existência das coisas, inimigo procaz, implacável, que persegue os longevos anunciando a grande viagem . . .
Mas, caros amigos, vale à pena recordar os tempos dos bondes da nossa Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Antigamente, talvez por precariedade estrutural ou falta de melhores condições, estradas carroçáveis, se dizia que alguém tinha feito uma longa viagem quando se deslocara às próximas cidades de Pacatuba, Maranguape, ou, até mesmo, Arronches (Porangaba, hoje Parangaba). Era tudo tão longe . . . tão diferente os caminhos, a própria paisagem de hoje, tomou outro aspecto com o passar do tempo que impulsiona e moderniza tudo a começar pelo ambiente, solo, estrada, bombardeando a atmosfera, implodindo coisas, e até faz chover . . . Mudança dos tempos. Antigamente só Deus fazia chover . . .
Ah! O tranporte, nem se fala - era o burro, o cavalo, o jumento. Sem a ajuda do jumento, “nosso irmão”, tão proclamado pelo Pe. Vieira, não se ia a lugar algum. No sertão brabo “quem é rico anda em burrinho, quem é pobre anda a pé”, porque na poesia do rei do baião, o inesquecível Luís Gonzaga, proclamava “automóvel” lá nem se sabe se ele é “home ou se é muié” . . . ! !
O tempo se encarrega de dar impulso apagando das nossas mentes imagens tão agradáveis ao espírito, aproximando-nos com outras civilizações - principalmente o português, dentre outros, raças emigraram no compasso rápido do tempo -, dando salto de progresso principiaram como novo meio de transporte - O Bonde puxado a burro, que durante tempo serviu de condução para a população da Capital, prestando seus inestimáveis serviços aos moradores desta urbe.
Dizem que seu percurso não ultrapassou até Arronches!! Opa, transporte de almocreve que servia para conduzir pessoas que se locomoviam para locais de pouca distância, na nossa cidade, nossa Fortaleza tão querida e cheia de lembranças encrostada indelével na nossa memória, lutando contra inexorável tempo que não se apieda dos desprotegidos saudosistas, compungidos pela velocidade apaga do nosso besunto toda a grandeza do passado, deixando só as saudades, as lembranças que continuam vivas nas nossas mentes.
Os bondes se recolhiam na Estação que se localizava nas confluências da rua D. Leopoldina com Av. Visconde do Rio Branco (calçamento de Messejana) e de lá partiam para diversos pontos da Cidade.
Valia à pena, logo às cinco (05) horas começava a movimentação da saída, cada um equipado com os instrumentos de trabalho - cupons, dinheiro trocado para passar troco, uniforme adequado - o cobrador invariavelmente vestido de tecido de brim e com boné da mesma cor - ou cáqui com quepe do mesmo tecido. O modelo da roupa se assemelhava ao libré, diferençado pelos grandes bolsos que compunham o paletó, abotoado com botões (jarina) dando certa sobriedade na vestimenta.
Quem tinha por dever sair cedo de casa para apanhar (pegar) o bonde, experimentava agradáveis momentos, de sentir que a cidade ainda dormia, assistia o belo espetáculo da calma que reinava na rua, onde eram vistos os padeiros a entregar pão a domicílio; o leiteiro com seu vasilhame na cabeça; o verdureiro com caixa sobre quatro pernas de madeira, conduzida sobre a cabeça do vendedor; - o carniceiro (vendedor de carne), ambos também se utilizavam de animais, cavalos . . . Assim caminhavam os vendedores atendendo a freguesia.
O bonde desenvolvendo sua marcha normal, quebrando, com o barulho sobre os trilhos, a sonoridade do deslizar que já habituara os ouvidos dos passageiros despertando para o amanhecer do dia com o toque da sineta anunciando que ia descer bem, com o toque para prosseguir - que no linguajar simples do condutor ordenava - vai embora.. vai embora... como quem vaticinava um adeus para sempre.
Então quem se transportava de bonde nas manhãs de junho/julho, sentia agradável sensação do frio europeu, porque é nesta época do ano que nosso clima se torna mais ameno. É como se o balanço causado pelo desenvolver da velocidade envolvesse aquele vento frio que soprava, fazendo recordar um passado que não volta mais, relembrando recantos inesquecíveis, embora muitos deles hoje transformados, deram lugar à modernidade, fruto da evolução natural do tempo. Ah! Tempo bom que não volta mais. Mesmo para matar as saudades!... mas nem isso.

Zenilo Almada
Advogado

Anônimo disse...

Arronches – Parangaba

Em 31 de outubro de 1721, D. João V aprovou uma Resolução criando uma Ouvidoria própria no Ceará, pois, as necessidades da Justiças nesta Capitania não eram atendidas a contento. A Carta Régia criando de fato a Ouvidoria foi assinada em 08 de janeiro de 1723. A princípio a Ouvidoria teve sede na Vila de Aquiraz.
Em 1810 o Governo Real criou um Juizado de Fora na Vila de Fortaleza, através do Alvará de 24 de junho de 1810. Sendo seu titular o Bacharel Jozé da Cruz Ferreira. Devido à dificuldade de administrar a justiça na Capitania, por causa da distância das vilas e o aumento populacional, foi necessário dividir a Comarca do Ceará, criando-se, assim, a Comarca do Crato pelo Alvará do Governo Central, de 27 de junho de 1816.

Ficaram pertencendo à Comarca do Ceará Grande às Vilas de Arronches, Messejana que depois perderam a categoria de vila e atualmente são os bairros da Parangaba e Messejana respectivamente. Soure, atual cidade de Caucaia e Aquiraz. Além do julgado de Sobral, as vilas de Granja, Vila Nova d’El Rei e Vila Viçosa, atuais cidade de Guaraciaba do Norte e Viçosa do Ceará. Ainda pertencia à Comarca de Fortaleza o julgado de Aracati e a Vila de São Bernardo das Russas.

http://www.filologia.org.br/xcnlf/15/10.htm