terça-feira, abril 17, 2007

CPT revela dados sobre violência no campo


Ameaças, aumento nas tentativas de assassinato, mais pessoas mortas no campo, milhares de famílias despejadas. O balanço geral feito pela Comissão Pastoral da Terra, que apresentou hoje (16), os dados referentes à violência no campo, aponta que impunidade e repressão aos trabalhadores e trabalhadoras rurais continuam. De 2005 para 2006 houve um aumento de 176,92% nos registros de tentativa de assassinato e 39 pessoas morreram no campo no ano passado.
No que diz respeito ao número de conflitos ocorridos, o balanço indica 1.657. A região Norte lidera o ranking contabilizando 571 casos de conflitos. A região Nordeste vem em segundo lugar, com 535. Um outro dado que chama especial atenção é o número de famílias que foram despejadas judicialmente de suas casas que chega a 19.449. Já as famílias que foram expulsas chegou a 1.809.

O número de pessoas presas também sofreu aumento significativo de 251,34%. Em 2005 foram presos 261, enquanto que no ano passado essa cifra aumentou para 917.

Algumas pequenas reduções também foram registradas, como o número de mortos em conseqüência de conflitos que, em 2006, foi de 57, e em 2005, de 64. Também caiu o número de ameaçados de morte - 266 em 2005, 207 em 2006, -22,18% - e de torturados - 33 em 2005, 30 em 2006, - 9,09%.

"A leitura destes números, relacionando-os com a população rural de cada estado ou região, dá uma outra visão. Onde se dá o maior número de ações de mobilização - ocupações e acampamentos - no Centro-Sul do País, aí o número de assentamentos é menor. Por outro lado, os índices de violência sofrida pelos trabalhadores são bem maiores nas regiões onde a ação dos movimentos é menos intensa, como na Amazônia. Com isso, fica patente que a violência no campo não pode ser creditada ao aumento da pressão dos movimentos do campo, mas continua diretamente vinculada à truculência histórica do latifúndio, travestido hoje de agronegócio", afirma a CPT.

Às vésperas do Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, a Comissão aproveita para citar a impunidade que cerca os conflitos. De um total de 1.104 ocorrência de conflitos com assassinato, levantados de 1985 a 2006, somente 85 foram levadas a julgamento. Somente 19 mandantes foram condenados.

"É preciso que a sociedade brasileira exija do poder Judiciário uma atuação mais rigorosa. Um exemplo de impunidade é o massacre de Eldorado dos Carajás, onde 16 sem-terra foram mortos, no dia 17 de abril de 1996. Mesmo condenados, o coronel Mário Colares Pantoja (228 anos de prisão) e o capitão José Maria Pereira (158 anos) conseguiram hábeas corpus e hoje aguardam julgamento de recurso em liberdade", afirma.

Fonte: ADITAL - www.adital.com.br
Foto: Sebastião Salgado.

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