terça-feira, abril 17, 2007

PSDB investe na disputa para recuperar poder no Ceará



A derrota do PSDB cearense no ano passado, quando o grupo comandado pelo senador Tasso Jereissati perdeu o controle do governo do Estado ainda antes das eleições, em função do rompimento com o então governador Lúcio Alcântara, fez com que o partido voltasse sua artilharia para a Prefeitura de Fortaleza. Impedir a reeleição da prefeita Luizianne Lins (PT) tornou-se um objetivo estratégico para voltar a competir pelo poder local.

Sempre distante do cenário político de Fortaleza enquanto foi governador, Tasso compareceu este ano até a uma filiação de vereador. "Fortaleza está com um terço do eleitorado do Estado, já é a quarta maior cidade do Brasil em população e o PSDB nunca tratou-a como prioritária. Agora vamos disputar para valer", afirmou o presidente do PSDB estadual, o ex-deputado Francine Guedes. Procurado, o senador Tasso Jereissati não atendeu ao pedido de entrevista.

É o PSDB que comanda a oposição à prefeita. O partido ficou sozinho ao tentar instalar, primeiro na Câmara dos Vereadores e depois na Assembléia Legislativa, uma CPI para investigar a denúncia de desvio de dinheiro público na festa municipal do reveillón.

A maior aposta tucana para disputar a prefeitura de Fortaleza é o secretário estadual de Justiça, Marcos Cals. Filho do antigo governador César Cals, Marcos Cals presidiu a Assembléia Legislativa por quatro anos e foi chamado para compor o secretariado de Cid Gomes com duplo propósito: abrir caminho para a eleição de um pemedebista para a presidência da Casa e ceder vaga para o suplente de deputado Luiz Pontes, um dos operadores políticos de Tasso.

Uma outra hipótese, menos ambiciosa, é desistir da candidatura própria para apoiar o ex-deputado Moroni Torgan (DEM), que perdeu as eleições municipais de 2000 e 2004, mas com votações crescentes. Em 2000, ficou em terceiro lugar. Na última eleição, passou para o segundo turno em primeiro lugar e perdeu, de virada, para Luizianne.

Com ênfase menor, aliados de Tasso e do deputado federal Ciro Gomes (PSB) vêem alguma possibilidade de um apoio tucano à senadora Patricia Saboya Gomes (PSB). Seria uma maneira de bloquear a tendência do governador Cid Gomes de apoiar a reeleição de Luizianne. A senadora já declarou publicamente, contudo, que só se dispõe a ser candidata se Luizianne não tentar um novo mandato.

Outros dois núcleos de oposição podem criar obstáculos para a reeleição da petista. Sem estrutura partidária, o PR conta com dois nomes que reúnem popularidade com taxas de rejeição elevadas: o ex-governador Lúcio Alcântara e o ex-prefeito Juraci Magalhães. Antecessor de Luizianne, Juraci já governou Fortaleza em duas ocasiões (1991/1993) e (1997/2004), mas terminou a gestão desgastado pelas dívidas com fornecedores e, sobretudo, pelo envolvimento do genro em um escândalo de superfaturamento na merenda escolar.

Está no P-SOL a possível candidatura que mais incomodaria a prefeita: a do ex-deputado federal João Alfredo. O partido em Fortaleza nasceu da corrente petista Democracia Socialista, a mesma que a prefeita integra. O rompimento do P-SOL com Luizianne, em março, é um tema que perturba a prefeita no plano pessoal e que pode roubar-lhe votos em seu berço político, o universo de funcionários públicos e estudantes universitários. Sempre que pode, a prefeita conta que trabalharia para que João Alfredo fosse candidato a governador pelo PT no ano passado, se não tivesse saído do partido.

Fonte: Valor Econômico.

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