quinta-feira, junho 14, 2007

Caso cocó: um desabafo.

Muito me frustra ver a televisão, o jornal, e seu alcance perante a sociedade civil, sendo usada para macaquear grosseiramente uma coisa tão séria que é a exploração imobiliária e sua devastação no Mangue do Cocó. Muito me frustra ver um comercial fadigado e agressivo na mídia a dar a versão sem compromisso do “Grupo Iguatemi” a tamanha repercussão da construção do Iguatemi Empresarial em local irregular. De uma coisa tenho a convicta certeza: a reivindicação da opinião pública cearense está surtindo efeitos. Gastar alguns mil reais fazendo filme, contratando agência publicitária e comprando espaço nobre na televisão cearense para se explicar a população sobre o Iguatemi (repito: o maior símbolo da devastação do Parque do Cocó) e o estuário do Cocó foi realmente à última do último resquício de pingo que faltava, para de fato, a sociedade organizada de Fortaleza engolir as ruas e ir atrás dos seus direitos – defender a sua única área verde de codinome Cocó e sua fonte inesgotável de biodiversidade.

Publicidade bem produzida, cara, de cinema, no entanto, mentirosa igual aos filmes americanos. Mas, que golpe cinematográfico! Aproveitando-se da semana comemorativa do meio-ambiente foi uma estratégia armada para aterrar cada raiz decapitada do Mangue concebida pelos Deuses e não por um grupo econômico que apenas visa o dinheiro a qualquer custo. Propor subliminar a idéia de que o Estuário do Cocó foi construído pelo Iguatemi, desculpa leitor, mas é demais. Parecem brincar com a inteligência da população. Pergunto onde estão os promotores a proibir tamanho desrespeito ao povo cearense. Cadê a ética publicitária? O Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária tem que funcionar neste caso. Cadê os promotores a ficar furiosos com toda a seiva do mundo e ir à imprensa para tirar esta publicidade caluniosa para com toda comunidade de Fortaleza?

Senti-me como um verdadeiro idiota a ver na TV, em intervalo Global, o anúncio constrangedor do grupo iguatemi (em minúscula porque nem maiúscula merece ficar). Relembrando o “último Pingo D’água que faltava” do dia 31 de maio: “A história da luta contra os enfermos irredutíveis do Parque do Cocó deu seu início no ano de 1977. Passou-se dez anos até a sociedade ativa de Fortaleza conseguir reivindicar junto aos setores públicos a preservação do estuário do Cocó. Tendo em base na Lei Federal N° 6.902, de 27/04/1981, que dispõe sobre a criação de estações ecológicas e áreas de proteção ambiental, foi criada em 1986 através do Decreto Municipal N° 7.302 da Câmara de Vereadores de Fortaleza, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Cocó. Área que prioriza toda a bacia hidrográfica do rio da capital cearense. Para implantação do Parque Ecológico do Cocó o governo do estado demarcou uma área de 1.155,2 hectares, que foi declarada para fins de desapropriação. E com o decreto N° 20.552, de 05 de setembro de 1989, delimitou a primeira etapa do projeto”. Na publicidade mentirosa da TV fala que o Iguatemi foi construído na década de 80. Então não existia o mangue do Cocó antes disso? Tudo foi plantado, executado e concebido pelo Iguatemi? Se em 1977 começou a história da luta para proteger o Cocó fico a imaginar há quanto tempo os inimigos da cidade atuam aplicando golpes descaradamente na população cearense e no seu ecossistema? Querem encerrar o caso Cocó com esta publicidade barata e vazia. Não sou otário, você é?

3 comentários:

Anônimo disse...

Dé, veja o que saiu no Flash do Eliomar de hoje:
Os procuradores da República Alexandre Meireles, Alessander Sales, Francisco Macedo e Nilce Cunha, esta procuradora-chefe, entraram nesta quinta-feira, na Justiça Federal, com ação civil pública para impedir, a partir de agora, novos licenciamentos para construções na área atual do Parque do Cocó (Água Fria).

Na ação, eles querem impedir que Ibama, Semace e Seman liberem licenças também no entorno do Cocó e em um raio de até 500 metros. Pedem ainda que a Justiça Federal obrigue o Estado do Ceará a demarcar fisicamente a área do Cocó. Com cerca ou outro tipo de proteção.

A medida, sem dúvida, virá para moralizar a área do Cocó, hoje alvo de uma polêmica entre a prefeitura de Fortaleza e o Grupo Jereissati que, de acordo com fontes da Procuradoria da República, está respeitando nesse projeto o Cocó. É que a Torre Empresarial não está na extensão do parque.

Anônimo disse...

O importante é divulgar o fato! Viva o Cocó e as pessoas de boa causa de boa educação que ainda existe na cidade. Abraços irmão

Anônimo disse...

É isso.

Estamos nós na luta nas mídias mais livres, onde emissores e receptores não tem limites.

Continuemos na luta irmão.

Vamos fazer o que o jornalismo há tempos não faz: ter dignidade e dever social.

Yargo Gurjão