quinta-feira, junho 14, 2007

Tranporte: pra que te quero?


Ricardo Coelho

Um dos maiores flagelos que as cidades têm que enfrentar actualmente é o do trânsito automóvel. Ter mais carros na rua implica, desde logo, mais poluição atmosférica - com todas as consequências nefastas que tem na saúde humana -, mais ruído e mais acidentes rodoviários. O congestionamento das ruas leva ao alongamento dos tempos de viagem, reduzindo-se o tempo livre dos cidadãos. Numa sociedade dependente do automóvel, uma grande fatia do investimento público concentra-se na construção e manutenção de infra-estruturas como ruas, estradas, viadutos, pontes, túneis e parques de estacionamento. Ou seja: todos financiamos, directa e indirectamente, o transporte individual.

Os economistas S. Proost e K. Van Dender, num estudo de 2001 publicado na revista Regional Science and Urban Economics, estimam os custos suportados pela sociedade por cada automóvel a circular em Bruxelas em hora de ponta em cerca de 1,9 euros por quilómetro. Para chegar a este valor, somaram os custos em termos de poluição, congestionamento, acidentes e ruído. Mesmo que consideremos que este valor está largamente sobre-estimado e que o valor real é inferior em 50%, estamos ainda longe, muito longe, do imposto suportado pela deslocação automóvel.

Uma forma possível de reduzir esta disparidade é a introdução de portagens para entrada no centro das cidades. Esta foi a solução adoptada já por várias metrópoles, das quais o exemplo mais conhecido é Londres. Observemos, antes de mais, os resultados, pegando precisamente nesta cidade: de 2003 a 2006 o trânsito automóvel diminuiu em 26%, o que levou a reduções substanciais no nível de poluição atmosférica e nos tempos de deslocação. A redução da congestão e o aumento do investimento em transportes públicos, financiado pelas receitas das portagens, reduziram para quase metade os tempos de espera para os autocarros. Ao contrário do que recearam alguns comerciantes, o efeito das portagens sobre o comércio tradicional foi nulo. Pode-se dizer, portanto, que o balanço é positivo, estando a ser expandida a área sujeita ao pagamento de portagem.
Leia na ítegra em: http://www.blocomotiva.net/

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