Do site do Coletivo Epidemia: www.aepidemia.org
Um software é como uma receita de bolo: tanto um como outro são um conjunto de instruções. O software diz ao computador o que ele deve fazer. A receita dá as orientações ao cozinheiro ou à cozinheira para que façam a mistura certa, com os ingredientes certos, na hora certa, quando estão fazendo um bolo, por exemplo. O que aconteceria se fôssemos proibidos de trocar receitas de bolo? Ou se não pudéssemos modificá-las, adequando os ingredientes ao nosso gosto? A receita de bolo e o software são ambos um conjunto de idéias. Mas, no caso do software, a disseminação dessas idéias está se restringindo àqueles que têm dinheiro.
Os softwares proprietários seguem um modelo de desenvolvimento baseado em licenças restritivas de uso. Ou seja, é como se tivéssemos que pagar para ter uma receita de bolo. Isso significa que você teria que pagar para sua avó para reproduzir aquela receita deliciosa do bolo de chocolate que ela fazia quando você ia até a casa dela (embora duvidemos que sua avó fosse cobrar por isso...). Felizmente, no caso da receita, ainda temos direito de fazer bolos livremente.
Com os softwares, o que se passou foi que, na década de 70, um rapaz, hoje bastante conhecido de todos, inventou as licenças de uso para programas de computador. Como naquele momento poucas pessoas tinham acesso às máquinas e menos gente ainda sabia o que era um software, esse rapaz conseguiu colocar em prática seu plano maquiavélico, sem esbarrar em nenhum tipo de protesto, e tornou-se milionário com a criação da Micro$oft. É isso mesmo. Quem inventou a licença de softwares foi o senhor Bill Gates. O filme “Piratas do Vale do Silício” conta a história da empresa (veja como baixá-lo no final da matéria). Hoje, o sistema operacional da Micro$oft, o Windows, está presente em cerca de 90% dos computadores do mundo.
Poucas vezes, o usuário do software proprietário tem consciência de que, na verdade, ele não comprou um produto, mas uma licença de uso. A propriedade do software continua com a empresa que o desenvolveu. Então, se você tem um Windows em seu computador, você não é dono do software, você tem apenas uma permissão para usá-lo.
Outra coisa que temos que parar para pensar é que com a digitalização dos bens culturais e com o advento do software (e principalmente das licenças de uso) houve uma mudança significativa no que diz respeito aos chamados produtos culturais. Agora, cada execução de uma música, de um arquivo digital, de um filme, passa a ser considerada pela indústria cultural como uma cópia (diferente do que acontece com os livros, você não tem que pagar de novo se quiser ler um livro pelo qual já pagou). Agora é possível controlar o número de execuções de uma música, de um vídeo, de atualizações de um software. Isso altera, e muito, a questão dos direitos autorais e nos coloca em uma nova encruzilhada.
Nós acreditamos que conhecimento, cultura e idéias são bens comuns da humanidade. Um conjunto de informações, como é o caso dos softwares, não deveria ser monopólio de uma única empresa. Por isso somos a favor do uso do software livre. São sistemas operacionais e ferramentas desenvolvidas por comunidades distribuídas por todo o mundo, que trabalham em conjunto e que desenvolvem um produto aberto, transparente e muito mais eficiente do que os softwares proprietários.
Na era do conhecimento, ser livre depende também da maneira como você lida com a tecnologia e a informação!
sábado, junho 23, 2007
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